Living in YYC: Networking em Calgary por Stella Cunha

No meu primeiro post gostaria de falar sobre um tema que é tão importante aqui no Canadá e que pode fazer toda a diferença na hora de procurar emprego e no desenvolvimento de carreira como um todo: Networking.

Acho que todo mundo já ouviu falar o quanto networking é importante e bla bla bla, mas sou prova de que funciona e que vale a pena investir nisso. Vou contar o que faço para desenvolver minha rede de contatos e como consegui meu primeiro emprego na minha área aqui no Canadá.

Vim para Calgary fazer um mestrado (course-based) em Engenharia Mecânica. Como nesse mestrado só se faz matérias e não tem pesquisa, percebi que teria que encontrar maneiras de me envolver mais com a área, pois durante as aulas não tinha muita oportunidade de interagir com meus colegas.

Para ficar mais fácil e o post não ficar muito longo, eu listei em três tópicos o que fiz/faço para conhecer mais gente e aumentar minha network.

Participação em congressos e afiliação a associações: No primeiro ano que estava aqui participei do IPC (International Pipeline Conference), um congresso que acontece em Calgary de dois em dois anos. A organização estava precisando de voluntários para ajudar nas apresentações e eu me disponibilizei a ajudar.

Lá eu tive a oportunidade de conhecer vários profissionais que estavam voluntariando também, e eu conheci a YPAC, que é uma associação de young pipeliners (profissionais com até 10 anos de experiência trabalhando na área de pipelines) que promove eventos e treinamentos.

A partir desse congresso eu comecei a voluntariar diretamente com YPAC e a ter mais contato com profissionais que estavam trabalhando e/ou estudando na minha área. Hoje eu ainda sou volutuária e faço parte do comitê executivo.

Quando estamos sem trabalhar (pelo menos eu sou assim) ficamos meio perdidos e com um sentimento de vazio. A YPAC tem um valor extremamente importante pra mim, pois sendo voluntária eu comecei a sentir que eu fazia parte de uma coisa maior e que poderia contribuir de alguma forma.

(Foto YPAC – CEPA annual dinner) Legenda: Evento que participei através da YPAC. Nesse jantar a Premier de Alberta Rachel Notley estava presente e fez um discurso muito interessante.

Informational interview: Outra estratégia que adotei foi fazer o que eles chamam aqui de informational interview, que consiste basicamente em contatar profissionais e tentar marcar um café para conversar sobre carreira, atual cargo & empresa e pedir conselhos & dicas sobre o mercado. Vou abordar esse tema mais detalhadamente em outro post.

Detalhe 1: não foi e ainda não é fácil pra mim. Eu sou super tímida e nas primeiras conversas eu achava que ia passar mal de tanto nervoso...haha. Para facilitar, a primeira eu fiz com uma pessoa que eu já conhecia, e depois da nossa conversa ela me indicou um amigo e fiz a segunda entrevista com ele.

Em seguida eu comecei a procurar as pessoas no LinkedIn e contatar aqueles que eu tinha interesse. Eu usei aquele um mês de free premium do LinkedIn para poder mandar e-mail, e algumas pessoas eu liguei (o que não recomendo, pois na área de engenharia e-mail é o mais usado).

Por meio das entrevistas eu conheci vários profissionais na minha área e consegui explorar diferentes ramos e empresas. Eu não estava preocupada com emprego, mas sim genuinamente interessada em explorar as possibilidades, entender mais o dia a dia de cada cargo, compreender um pouco do mercado de trabalho em Calgary e onde eu poderia atuar quando terminasse o mestrado.

Detalhe 2: Recebi alguns “nãos”. A maioria das pessoas está disposta a doar um pouco do seu tempo para tomar um café com uma estranha e responder perguntas, mas tem gente que não aceita, o que é super compreensível. A gente não pode é levar pro lado pessoal e desistir do processo.

Mentorship: eu participei de um programa de mentoria na universidade que fez toda diferença pra mim. Esse programa teve duração de 6 meses e eu me encontrava com meu mentor uma vez por mês (ele ainda é meu mentor e nós temos contato mas o programa oficial durou 6 meses).

O aluno escolhe um profissional e a universidade entra em contato para falar do programa e solicitar a participação. Eu tive muita sorte em escolher meu mentor, ele me ajudou com meu currículo, me orientou em vários aspectos da profissão, deu vários conselhos e me apresentou para meu atual chefe.

Foi assim que eu consegui meu primeiro emprego como engenheira: a empresa em que eu trabalho presta serviços para a empresa do meu mentor. Em uma das nossas conversas ele sugeriu que eu conhecesse meu atual chefe, pois aqui na empresa eles têm projetos com pipelines e seria interessante conversar sobre a área que ele atua, como anda o mercado de trabalho, etc. (basicamente uma informational interview).

Então meu mentor passou meu contato e um tempo depois ele entrou em contato comigo. Nós nos encontramos para um café em janeiro, conversamos sobre vários assuntos, mas não sobre possibilidade de emprego, e eu não criei expectativa nenhuma, já estava super feliz com a conversa que nós tivemos. Dois meses depois me ligaram do RH da empresa perguntando do meu interesse em trabalhar na empresa. Comecei duas semanas depois.

Enfim, um mix de sorte com força de vontade e coragem de ir atrás das pessoas.

Quem muda de país tem que estar preparado para sair muito da zona de conforto, e na cara de pau mesmo conversar e se aproximar de pessoas que não conhecemos. Não pensamos nisso quando estamos no Brasil, pois lá construímos nossa rede de relacionamentos desde a infância, mas aqui no Canadá temos que começar do zero.

O “não” gente já tem e nunca vamos saber se uma pessoa está disposta a ajudar se não perguntarmos. Nada garante que fazendo essas coisas vamos conseguir um emprego, mas acho que é um começo e que que vale a pena tentar.

Espero que tenham gostado do post e que eu possa ter ajudado de alguma forma. Vejo vocês nos próximos textos!



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Até o próximo!